Um utente acaba de entrar na sua farmácia com tonturas, dor de cabeça e uma sede intensa. Queixa-se de estar mais cansado, mas minimiza os sintomas. Ao longo do dia, as queixas agravam-se: boca seca, náuseas, respiração ofegante, confusão.
O quadro evolui rapidamente. Quando finalmente procura ajuda médica, está em cetoacidose diabética, uma emergência que poderia ter sido evitada.
Para muitos utentes com diabetes, este cenário não é apenas hipotético. Pode desenvolver-se em menos de 24 horas, especialmente em situações de doença aguda, jejum prolongado ou má adesão à terapêutica.
Enquanto farmacêutico, está numa posição privilegiada para identificar sinais de alarme, recomendar a monitorização de cetonas e encaminhar rapidamente sempre que necessário. Em ambiente hospitalar, comunitário ou institucional, a deteção precoce pode fazer a diferença entre uma intervenção simples e uma complicação grave.
Descubra como pode apoiar uma resposta segura, informada e eficaz na gestão dos seus utentes com diabetes.
O que são cetonas?
As cetonas são compostos produzidos pelo fígado quando o organismo precisa de uma fonte alternativa de energia. Isto acontece, sobretudo, quando a ingestão de hidratos de carbono é reduzida, durante períodos de jejum mais prolongados ou em situações de doença como febre, vómitos e/ou diarreia.
Nestas situações, o corpo começa a consumir gorduras para gerar energia. Este processo, chamado cetogénese, é uma resposta fisiológica natural e eficiente, especialmente em contextos clínicos onde o metabolismo energético pode estar comprometido.
Como consequência, as cetonas circulam no sangue e tornam-se numa fonte energética disponível para diversos tecidos, incluindo o cérebro. O seu papel tem vindo a ganhar cada vez mais atenção, não apenas em áreas como a nutrição clínica e o controlo metabólico, mas também na investigação sobre doenças neurológicas, metabólicas e oncológicas.
Que tipos de cetonas existem?
Existem três corpos cetónicos específicos que circulam no nosso organismo, e cada um tem o seu próprio papel no metabolismo energético.
1. Acetoacetato
É o primeiro corpo cetónico a ser produzido pelo fígado. A partir daqui o organismo pode convertê-lo diretamente em energia ou transformá-lo em outros dois corpos cetónicos. É a base do processo de cetogénese.
2. Beta-Hidroxibutirato
Tecnicamente não é uma cetona, mas é considerado um corpo cetónico pela sua origem, função e papel no metabolismo. É o mais abundante no sangue, o mais estável e, por isso, o mais frequentemente medido em contexto clínico. O Beta-Hidroxibutirato é uma fonte de energia usada quando a glicose está em níveis baixos ou não pode ser bem utilizada.
3. Acetona
É produzida em menor quantidade e excretada principalmente através da respiração e da urina. Apesar de não ser uma fonte energética significativa, a sua presença pode ser útil para confirmar estados de cetose.
Para que servem as cetonas?
Os corpos cetónicos têm um papel essencial no equilíbrio energético do organismo, especialmente quando o acesso à glicose – a principal fonte de energia – está limitado. Mas o seu impacto vai além da simples substituição de fonte de energia.
1. Fonte alternativa de energia
Em casos de jejum prolongado, exercício físico intenso, dietas com baixo teor de hidratos de carbono ou situações de doença, os corpos cetónicos tornam-se a principal fonte de energia para órgãos como o cérebro, o coração e os músculos.
2. Poupança de glicose
Ao fornecerem energia, ajudam a preservar as reservas de glicose e a reduzir a necessidade de degradação de proteínas musculares para produção de energia, o que é especialmente importante em situações de stress metabólico.
3. Regulação metabólica
Os corpos cetónicos não servem apenas para “alimentar” o organismo. Participam também na regulação de processos celulares, influenciando a inflamação, o stress oxidativo e até a expressão de determinados genes. Estas funções estão a ser cada vez mais estudadas, sobretudo em contextos como doenças neurológicas, metabólicas e oncológicas.
4. Indicadores clínicos
Os níveis alterados de corpos cetónicos podem ser um sinal de alerta. A sua presença em excesso, como na cetoacidose diabética, indica um desequilíbrio metabólico grave. Já em concentrações controladas, podem ser sinal de adaptação fisiológica – como em estados de jejum ou cetose nutricional.
A importância da avaliação das cetonas
A presença de cetonas no sangue pode ser um sinal de que o organismo está a recorrer às gorduras como fonte primária de energia, algo que acontece em situações como jejum prolongado, doença aguda, descompensações metabólicas ou em caso de défice de insulina (como acontece frequentemente em pessoas com diabetes tipo 1).
Esta acumulação de cetonas pode evoluir rapidamente para uma situação crítica, como a cetoacidose diabética (CAD). Trata-se de uma complicação potencialmente fatal da diabetes, causada por níveis perigosamente elevados de cetonas no sangue, que tornam o pH do organismo demasiado ácido. Os sintomas podem surgir de forma súbita: náuseas, vómitos, dor abdominal, respiração acelerada, confusão – e, em casos mais graves, perda de consciência. Sem tratamento atempado, a CAD pode evoluir muito rapidamente e levar a internamento hospitalar, coma ou mesmo morte.
Contudo, com o apoio das ferramentas certas, é possível detetar e monitorizar cetonas de forma rápida, simples e fiável, mesmo fora do contexto hospitalar. Isto é especialmente relevante em situações de risco, como em utentes com diabetes tipo 1, em episódios de doença ou jejum, ou quando surgem sintomas suspeitos.
A sua intervenção pode ser essencial: ao disponibilizar a monitorização no ponto de cuidado, ajuda os utentes a compreender melhor os sinais do corpo, a agir no momento certo e a evitar complicações graves.
Como apoiar os seus utentes na gestão da diabetes
A diabetes exige acompanhamento diário e decisões constantes por parte dos utentes. A farmácia pode ser um ponto de apoio fundamental nesse processo. Aqui ficam alguns cuidados essenciais para reforçar com os seus utentes, e quando considerar a avaliação de cetonas como parte desse seguimento.
1. Monitorização regular da glicemia
Reforce a importância de controlar os níveis de glicose diariamente, sobretudo em situações de stress, doença, alteração da medicação ou mudança alimentar.
2. Hidratação adequada
Explique como a ingestão regular de água pode ajudar a prevenir a acumulação de corpos cetónicos no organismo e contribuir para uma gestão mais eficaz da glicemia.
3. Avaliação de cetonas em situações críticas
Recomende a medição de cetonas sempre que os níveis de glicemia ultrapassem os 250 mg/dL, ou em casos de febre, náuseas, vómitos ou cansaço excessivo. Estes sinais podem indicar risco aumentado de cetoacidose.
4. Reconhecimento de sintomas de alerta
Ajude os utentes a identificar sintomas como hálito cetónico, respiração acelerada ou dores abdominais. São sinais que justificam uma avaliação imediata e eventual encaminhamento.
5. Reforço da adesão ao plano terapêutico
Lembre que o seguimento correto da medicação, alimentação e exercício físico é essencial. A avaliação de cetonas é uma ferramenta adicional para perceber se o controlo da doença está a ser eficaz.
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